Casa de Pantera Negra” foi o nome escolhido para um segundo momento do Templo de Quimbanda Maioral Beelzebuth e Exu Pantera Negra (T.Q.M.B.E.P.N). Essa modificação, ocorrida após um período considerável de maturação, estudo e vivências, objetivou ampliar os trabalhos, criar novas alianças e reestruturar nossas edificações através da inserção de sabedorias e conhecimentos recebidos. Abrirmos novos canais de comunicação e integração se tornou necessário, afinal, temos um compromisso muito sério com a Quimbanda Brasileira e com os rumos desse caminho de resistência religiosa. Acreditamos que legado é um conjunto de sabedorias sagradas oriundas de compartilhamentos entre vivos e mortos que ocorre em diferentes estágios vibracionais. O legado forma um Tradição que é o conjunto de códigos recebidos e desenvolvidos pelos (as) antecessores (as) que desenham o trabalho religioso. Isso envolve responsabilidade, dedicação, amor, superação, fidelidade, honra, força e um contínuo estado de busca e aprimoramento, ou seja, a Tradição pode receber, drenar e equilibrar novos entendimentos e codificações, assim como expurgar caso seja necessário.


Fundada em 2010 pelos dirigentes Danilo e Priscila Coppini, o templo foi fundamentado originalmente nos pilares da A.V.J (legado do Mestre Ijslavji/Tata Idelfonso) e desenvolvido através de muito estudo e prática. Nosso Templo professa somente a Quimbanda Brasileira, não tendo relação direta com outras vias espirituais afro-brasileiras. Em 2012 fizemos nossas primeiras publicações na internet através de um site básico e pela rede social Facebook, todavia, antes dessa exposição nos dedicamos muito para forjar uma engrenagem capaz de responder temas teóricos e práticos sobre um caminho espiritual marginal: a Quimbanda. Viajamos pelo Brasil buscando todo tipo de informação ou fagulha que complementasse nossos estudos e ajudassem-nos sanar nossas próprias lacunas pessoais. Conforme íamos recebendo as informações, as agregávamos e trabalhávamos até que pudessem somar ao legado de forma harmoniosa. Foi um exercício longo, caro, complexo e nem sempre produtivo. Quando nos sentimos seguros o suficiente, montamos o primeiro site do Templo de Quimbanda Maioral Beelzebuth e Exu Pantera Negra – L.T.J 49. Milhares de pessoas (algumas centenas de quimbandeiros/as) acessaram e o resultado foi incrível; muito melhor do que esperávamos. O jargão: “Quimbanda é para quimbandeiros”, nasceu nesse exato momento, afinal, tudo que é escrito e vivido originalmente (e se torna funcional para todos) dentro desse caminho deveria (em tese) servir de apoio para outros irmãos e irmãs que eventualmente sentiam falta de material fundamentado que abordasse nossa religião.


O resultado de todo esse esforço foram inspiração para a produção do nosso primeiro e grande livro sobre o assunto: “Quimbanda – O Culto da Chama Vermelha e Preta” (2013/2014), lançado originalmente pela Editora Capelobo (que nós mesmos criamos). De forma sequencial, lançamos: Quimbanda – Fundamentos e Práticas Volumes I e II e o Práticas de Quimbanda. Como curiosidade, foram mais de 1300 páginas publicadas sobre o assunto e, se formos agregar os ensaios em redes sociais, aumentaremos consideravelmente esse volume. Publicamos os livros em língua inglesa e participamos de publicações, ensaios e entrevistas em diversos países. Em uma pesquisa rápida na internet todos são capazes de achar esses referenciais.


Temos uma forma própria de desenvolver o Culto de Exu e Pombagira. Respeitamos os ensinamentos Tradicionais, entretanto, agregamos em nossas teorias e práticas novas formas de manipulação física, psíquica e energética. Essa busca pela Verdade, sob nosso entendimento, é similar ao ato de lapidar uma pedra preciosa em busca do brilho e da forma perfeita. Quando prontos, fundimos essa pedra nas jias portadas por nossos ancestrais, porém, até concluirmos o caminho devemos compreender a natureza da pedra que estamos trabalhando e aplicarmos a força (energia) correta para que a lapidação desperte todo potencial oculto e permita que novas energias possam ser canalizadas. Figurativamente, a pedra é nosso corpo astral e o brilho emanado é nosso próprio espírito, Portador da Luz Eterna.


Somos parte de um legado e protegido por uma Tradição chamada: Corrente 49. Usamos a palavra “Corrente”, pois não enxergamos a função de acorrentar, mas de proteger, guarnecer, suportar pressão, resgatar e dividir o profano do sagrado (função primordial). Uma corrente bem forjada desce aos abismos para buscar um (a) adepto (a) que lá estiver. Ela é capaz de proteger o legado e a Tradição do movimento contraditório que existe na espiritualidade dos seres-humanos.


A Corrente também se torna uma egrégora capaz de atrair espíritos compatíveis com seus ruídos espirituais. Isso ocorre porque a formação de um vórtice cria campos magnéticos que se refletem no plano material, astral e espiritual, reverbera inclusive no campo onírico e até nas demais formas de vida. Essa força é passada aos adeptos, que recebem os códigos (chaves de acesso) e evoluem individualmente e em conjunto. De mãos dadas sempre seremos mais fortes. A Corrente não atua só no desenvolvimento espiritual, ela é viva nas transformações físicas e mentais dos adeptos (as), assim combatemos a inércia das forças espirituais que nos cercam.


O tempo e o desenvolvimento da Quimbanda Brasileira no mundo fizeram com que o propósito inicial se expandisse para um segundo objetivo (que não anula o primeiro). Atualmente a Corrente 49 entende que tem a obrigação de apoiar os focos de resistência verdadeira, estejam onde estiverem. Acreditamos que proteger somente nosso legado e Tradição era um trabalho pequeno, que deveríamos expandir, receber e criar novos laços, afinal, se o obelisco cresce, a sombra deverá acompanha-lo. Não temos a pretensão de interferir em outras vertentes, tampouco, desqualifica-las, afinal, todas estão na Unidade da Quimbanda à sua maneira. Se apoiarmos a Quimbanda e os Quimbandeiros (as) estamos favorecendo nosso próprio combate. Hoje estamos abertos aos novos irmãos e irmãs, aqueles (as) que desejam fazer parte da construção de um novo momento. Sabemos nossas limitações e até onde podemos seguir. Nossa bandeira edificará novos Templos, mas com o propósito de fortalece-los, ou seja, onde um de nós estiver, todos estaremos e as egrégoras crescerão. Toda essa transformação foi inspirada e ditada pelo Exu Pantera Negra em conjunto com Dona Sete Saias, Exu Cobra, Exu Curador, Exu Tranca-Rua das Almas, Exu Chama Dinheiro, Exu do Ouro, Senhora Dama-da-Noite, Exu Zé Pelintra, Exu Brasinha e a todos os Mestres e Mestras que escolheram nossa Casa para renascer e modificar o mundo.

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